Sunday, September 16, 2007

etnicização de lésbicas e gays?

“O perigo de conceber lésbicas e homens gays como um grupo étnico (…) é o risco de reproduzir o universalismo da identidade gay e de marginalizar gays e lésbicas de minorias étnicas. Isto também solidifica as categorias e não questiona as relações de poder que em primeira instância levaram à sua produção.”
Jon Binnie, The Globalization of Sexuality, 2004, Sage, Londres, pp.69

Saturday, September 15, 2007

...

“A perspectiva pós colonial não se destina apenas a permitir a auto-descrição do Sul, ou seja, a sua autodestruição enquanto Sul Imperial, mas também a permitir identificar em que medida o colonialismo está presente na relação social nas sociedades colonizadoras do norte ainda que ideologicamente ocultado pela descrição que estas fazem de si próprias”
Boaventura de Sousa Santos

Sunday, August 12, 2007

representatividade

"A representatividade é um dos direitos efectivos das comunidades minoritárias que integram a nação portuguesa, também através dos simbolos e signos corporizados nas imagens de nação"
in Entranhos em Permanência: a negociação da identidade portuguesa na pós-colonialidade, de Inocência Mata, publicado em Portugal não é um pais pequeno. Contar o "império" na pós-colonialidade organizado por Manuela Ribeiro Sanches, Cotovia, Liboa, 2006 pp. 285-316

gays imigrantes

Ainda nao se como se chamará. Talvez Inclusão e Exclusão de Imigrantes Gays Brasileiros em Portugal . Vai ser a minha tese de mestrado...

Algumas ideias...

Sumário

Esta tese de mestrado pretenderá interligar um estudo referenciado sobre as condições de inclusão e exclusão dos imigrantes homossexuais brasileiros em Portugal dando particular destaque sobre os quotidianos destes sujeitos, e em especial as suas vivências sexuais e homo-afectivas.
Tendo em conta a importância dos movimentos migratórios na contemporaneidade – e dando destaque as migrações de ex-territórios coloniais - este estudo será pois a investigação destas formas de continuidade da ‘relação colonial’ num grupo específico - auto-identificados homossexuais masculinos nacionais do Brasil - cruzando o racismo, a xenofobia e a colonialidade com outras formas de exclusão como seja o heterossexismo e a homofobia.
Partimos de uma duplicidade de área temáticas: os estudos sobre imigração e os estudos queer aglomerados num quadro teórico nascido da teoria pós-colonial, e repensaremos assim a importância da sexualidade, da raça e da nacionalidade na construção da subjectividade e do self a partir de um modelos exploratório dos quotidianos e do espaço/tempo da dicotomia inclusão/exclusão.

Tuesday, September 12, 2006

mudar

As mudanças operam-se quando menos esperamos. De repente os mundos que nos acompanham mudam de lugar e de tempo.
O aeminiumqueer vai passar por uma mudança…
Será algo mais colorido? Algo mais cosmopolita!
Sairá de Coimbra, ainda que mantenha a sua ligação forte à minha cidade, mas viajará por outros espaços!
As mudanças acontecerão lá para Outubro…
Espero que gostem!

PS: a mudança fez com que se perdessem os comentários!

Thursday, June 29, 2006

um notícia sobre este trabalho

Aqui vai uma notícia saida hoje no jornal diário de Coimbra, As Beiras, sobre as vivências homossexuais em Coimbra.


Esta foto, de Eduardo Basto, é uma das fotos do meu trabalho e que ilustra também esta notícia.


Resistência à homofobia nasce em certos locais da cidade

Patrícia Cruz Almeida

Em Coimbra, existem espaços, que não sendo locais de convívio gay, são percepcionados pela comunidade homossexual como sendo de maior liberdade.
Locais que vão criando resistência à homofobia.

O Parque Verde do Mondego, alguns locais da Alta e a área da Praça da
República são alguns espaços da cidade que são percepcionados de um modo
diferente pela comunidade homossexual. As conclusões resultam de um estudo
realizado por Paulo Jorge Vieira, no âmbito de uma tese de licenciatura em
Geografia.
"A minha proposta foi a de fazer um trabalho sobre as vivências espaciais
urbanas dos homossexuais na cidade de Coimbra. Basicamente, parti da ideia
de que não há espaços de visibilidade homossexual na cidade. Não há nenhum
bar gay em Coimbra, um espaço de encontro, pelo menos óbvio".
Durante um ano, Paulo Jorge Vieira fez observação participante em diferentes
locais da cidade, tendo realizado inquéritos e entrevistas a cerca de 60
homossexuais.
"Uma das conclusões é que a cidade tem vindo a mudar e já foi muito mais
conservadora do que é hoje". Um dos factores que tem contribuído para essa
mudança é o facto de haver lugares onde os homossexuais começam a criar,
eles próprios, resistência à homofobia que "ainda está muito marcada na
cidade".
A comunidade organiza-se por redes de amizade, "em que a possibilidade de
estar com os amigos e de sair com eles é um dos elementos fundamentais, o
que demonstra a importância das amizades e a possibilidade de encontro e de
convívio com outros homossexuais, sobretudo de jovens, para poderem estar à
vontade e falarem das suas vivências", explica o autor do estudo. "É
essencial que existam essas redes e, as associações - não te prives e a Rede
Ex Aequo - têm, aqui, um papel importante", acrescentou.
Ao criar essas redes de amizade, a comunidade, estando dispersa pela cidade
- já que não há dados que demostrem uma concentração residencial de
homossexuais - concentram-se em locais que são percepcionados como sendo
espaços de maior liberdade.
"Embora não sendo gays, são lugares onde a comunidade expressa melhor os
seus gestos de carinho", refere Paulo Jorge Vieira, notando que grande parte
dos inquiridos confessou ter dificuldade em ter um gesto de carinho num
espaço semi-público como é um bar.
Uma das etapas mais difíceis para uma relação homossexual é, de acordo com o
autor do estudo, estar um espaço onde um gesto de carinho seja possível. "E
esse gesto de carinho pode ser tão subliminar como duas mãos dadas por
debaixo de uma mesa. Ou um toque. Ou um olhar. Há todo esse percurso e todo
esse modo de estar que se vai construindo nesses locais, onde há liberdade,
onde as pessoas se sentem livres e que são espaços de menos preconceito."
Embora a comunidade homossexual continue a encontrar, na cidade, várias
barreiras à expressão dos seus afectos, há um caminho que começa a ser
trilhado para derrubar o preconceito. O Teatro Académico Gil Vicente é um
desses locais. "As pessoas normalmente encontram-se bastante no TAGV e aí há
um efectivo à-vontade da comunidade", lembrou o presidente da associação não
te prives.
"Se eu sair do trabalho e quiser ir beber um copo, eu sei onde vou encontrar
alguém conhecido. E é esta sensação de comunidade, de partilha de espaços,
de partilha de vivências que é possível criar", notou. Uma partilha que
traduz uma das formas mais importantes de resistência e de luta contra a
homofobia.
_________

HOMOFOBIA

"Coimbra é uma desilusão profunda"

"Coimbra é um camisa muito apertada onde nós [homossexuais] ou nos
encaixamos ou sentimos uma incapacidade de integração muito grande", revela
Paulo Jorge Vieira. Por isso, é natural que haja ainda muitos jovens que
vivem em processos de solidão muito grande.
O activista dá o exemplo de alguns estudantes que vêm de pequenas aldeias ou
vilas do país, esperançados que Coimbra, o local que escolheram para
estudar, seja um espaço onde possam viver bem a sua homossexualidade. "Mas
ao final de um mês percebem, claramente, que a cidade não é assim. Alguns
deles dizem que Coimbra é uma desilusão profunda", relata.
Por isso, há muitos jovens que partem para outros locais porque a cidade
deixou de lhes dar espaço. Segundo Paulo Jorge Vieira há, por um lado uma
incapacidade institucional e, por outro lado, uma homofobia cultural e
social que permanece na sociedade portuguesa, mas que em Coimbra, "talvez
pela sua lógica tradicionalista, é muito marcada".
Porém, acrescenta, existem outros sentimentos discriminatórios como o
racismo ou outras formas de exclusão social. Paulo Jorge Vieira critica o
facto das principais estruturas da cidade - seja a Universidade de Coimbra,
a Câmara Municipal ou até a própria Associação Académica - "continuarem a
dedicar muito pouca - ou nenhuma - atenção a estas questões".

Monday, April 10, 2006

de mãos dadas...

Há algum tempo foi publicado este texto meu no Jornal de Notícias...


Num final de tarde deste início de primavera, eu e o Danyel, - o meu namorado -, terminado que foi um dia de trabalho e de estudo, passeamos de mão-dada pela Alameda Júlio Henriques (para quem não conhece a cidade é uma belíssima artéria junto ao Jardim Botânico). Um jovem estudante cruza-se connosco e o seu olhar fica tão espantado pelo gesto de carinho que partilhamos naquele momento, que se tolda, e choca com um outro transeunte! Eu e o Danyel rimo-nos…

Continuamos o nosso caminho e comentamos o nosso dia. As tarefas de trabalho! As aulas! A cozinha espera-nos! O jantar está por fazer e tentamos decidir o que será a nossa refeição. Sabemos que depois desta teremos a visita de um grupo de amigos e amigas que irá passar lá em casa para beber um chá e comer umas 'bolachitas'.


Durante esse chá acabamos por falar deste texto e da 'luta pela sobrevivência' que todos sentimos no quotidiano na cidade de Coimbra. Falamos do trabalho de investigação etnográfica em geografia social urbana que realizei no ano lectivo passado como estudante finalista da licenciatura de geografia da Universidade de Coimbra.

Nesse trabalho, ao longo de um ano, tentei juntamente com algumas dezenas de homossexuais da cidade, e num modelo de investigação/acção/participação, perceber como é que as vivências urbanas da cidade de Coimbra 'limitavam' as sociabilidades homossexuais em espaço público e semi-público.

Defendi nesse momento académico que as redes de amizade entre homossexuais são essenciais na estruturação social e espacial da 'comunidade' lésbica e gay na cidade de Coimbra. Este aspecto foi confirmado pelo modo como este grupo de pessoas, essencialmente constituído por jovens estudantes universitários, tenderia a encontrar-se em determinados espaços - bares e cafés - da cidade e a apropriar-se deles com o objectivo de construir espaços de visibilidade e de segurança perante a discriminação.

Sendo que Coimbra não possuiu espaços de diversão nocturna identificados como 'bares gays' esta comunidade apropria-se de outros espaços e tempos, como sejam o momento da realização de reuniões de associações gays e lésbicas, ou o espaço privado de casa como espaço de encontro, ou ainda a frequência de alguns dos espaços de diversão nocturna criando efeitos importantes na estruturação das sociabilidades homossexuais na construção de resistências perante a homofobia e a discriminação.

Numa das entrevistas que realizei um dos meus estudados, - jovem estudante universitário oriundo do interior norte do país - referia que a cidade de Coimbra é, pois, uma desilusão, pois sendo "uma cidade tipicamente universitária, supostamente intelectual e supostamente… informada" é no entanto uma cidade onde "existe tanta homofobia e tanta heteronormatividade instituída". Como afirmou este jovem é pois "importante que a cidade cresça a nível de mentalidade e a nível de espaço também, que realmente se desenvolvam com naturalidade as dinâmicas sócias entre homossexuais…" sendo para isso necessário a informação e o esclarecimento pois "nota-se realmente que as pessoas da cidade estão muito pouco esclarecidas".


São já duas da manhã, e o último resistente saiu agora de casa. Eu e o Danyel observamos, na varanda de casa, a cidade. Comentamos a nossa cidade! Comentamos o olhar daquele jovem que connosco se cruzou no final de tarde! Sabemos pois a dificuldade de se amar alguém do mesmo sexo. Abraçados, na nossa varanda, pensamos no muito que há para mudar nesta nossa cidade!

Tuesday, March 21, 2006

racismos!

No dia 21 de Março celebra-se o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1966. Em 1960 um dissidente do Congresso Nacional Africano e fundador do Congresso Panafricano, Mangaliso Sobukwe, promoveu uma marcha de protesto contra a Lei de Passe, implementada por holandeses e ingleses em 1908 para os homens e em 1958 para as mulheres. O objetivo dessa lei era o de controlar o livre trânsito da população negra. Essa lei exigia à população negra (83 porcento dos sul-africanos) que levasse um cartão de identificação quando estivesse fora da propriedade de seu patrão. Esse passe tinha dados como lugar de residência, de trabalho e uma permissão para estar fora desses lugares.

Em Coimbra a ‘população não branca’ – ai! a história dos conceitos - é, como seria de esperar, marcada pela academia: estudantes oriundos de diferentes países, uns na licenciatura, mas um cada vez maior numero de estudantes de pós-graduação.
No mestrado em que estou a estudar - Programa de Mestrado e Doutoramento "Pós-Colonialismos e Cidadania Global" - temos discutido de um modo muito capacitante as questões da racialidade. Pessoalmente tenho vivido momento de grande capacidtação pessoal...
Pelos meus interesses as questões relacionadas com o quotidiano e a discursividade e as identidades múltiplas de negr@s e homossexuais são uma entusiasmante área de reflexão…